Sem saída o grupo em busca de maiores informações sobre os próximos ataques avançou pelo que se revelou ser uma gruta profunda, repleta de túneis tortuosos, kobolds, dragonetes e armadilhas. Um lugar cheio de sons tênues: água pingando, roedores roendo, lagartos rastejando, eco, e por fim uma corrente de vento que gemia constantemente camuflando os tinidos, batidas, tosses e conversas dos kobolds e cultistas.
Soveliss que sonhara em ver o mundo e viver suas próprias aventuras, sentia um misto de pavor e adrenalina. Suas mãos frias vez ou outra erravam um acorde, tamanha a emoção que lhe acometia. Mesmo com recursos limitados e alguns ferimentos (possíveis novas cicatrizes que lhe renderiam boas histórias) o Tiefling mantinha uma atitude positiva, uma aura de deslumbramento e emoção. Seria ele um dos responsáveis por salvar uma cidade inteira de um destino terrível? Seriam aqueles novos amigos para com a sua jornada?
O que Soveliss e sua atitude positiva não sabiam é que kobolds e morcegos eram o menor de seus problemas.
Após a incursão desastrosa nas escadas que quase custou a vida de Tahrun, o grupo se viu diante a um velho inimigo: Langdedrosa. O imponente Draconato Azul acompanhado por dois dos melhores soldados avançou sem piedade contra os heróis, ameaçando um possível fim a aventura, não fosse a astúcia mágica do bardo que o encantou pelo curto tempo que permaneceu consciente.
"Esta câmara foi aumentada e reformulada a partir de sua forma original. O piso e três das paredes são lisas, e as estalactites e estalagmites foram polidas em colunas brilhantes. Cada superfície brilha com umidade, e o ar é quente e úmido. As paredes planas da câmara são decoradas com rasas esculturas abstratas de dragões. Caudas de dragões enrolam-se em intrincados padrões e nós que fluem através das paredes. A criatura retratada no canto noroeste destaca-se: um dragão de cinco cabeças, elevando-se de dentro de um vulcão em erupção. Outros dragões, que parecem ofuscados pela monstruosidade de cinco cabeças, reúnem-se a seu lado. Um baú pequeno de madeira ornado em prata e incrustado de pérolas jaz no chão, no canto, diante da escultura do dragão monstruoso".
Tahrun não demorou a reconhecer os dentes amarelados, e provocações desprezíveis do meio-orc de cabelos negros que se colocava diante dele, era Bal'agus. O mesmo meio-orc que lhe vencera em uma disputa amistosa no poço dias antes. Um inimigo perigoso e poderoso, um dos soldados de confiança de Langdedrosa.
(Lucas): Tahrun sabia que Tyr o testava, sentia o cheiro intenso da morte espreitando cada vez mais próximo. Cada queda lhe servia de valioso aprendizado, lições que o fariam sobreviver a qualquer situação. Mesmo nos momentos mais tensos onde o caos parecia lhe afogar em escuridão, abandonado por todos e prestes a desistir, ele ouvia a voz penetrante do senhor de todas as batalhas. Ensinamentos sobre a luz que brilha cada vez mais intensa na escuridão profunda. Na figura dos novos amigos, ele reconhecia verdadeiros anjos enviados, arautos que lhe ajudariam a forjar a justiça e livrar o mundo desse grande mal.
Seu coração pulsava acelerado, se esforçando ao máximo para não ceder aos ferimentos profundos que lhe eram infligidos incessantemente. Em prece silenciosa Tyr atendeu então ao chamado do Draconato Dourado lhe recompensando por sua coragem e devoção. Com um golpe vigoroso Tahrun quebrou o machado do inimigo, lhe tirando o sorriso do rosto com uma empalada violenta.
Mas a história novamente não acabou por aqui. Langdedrosa era superior em todos os aspectos, mais forte e mais ágil. Nem seus guardas, nem mesmo os heróis possuíam metade da maestria que ele detinha. Soveliss, Dimble e Tahrun caíram, um a um, diante aos velozes ataques de lança desferidos com grande precisão.
Salazar que escapara por um fio, correu pela escuridão sentido uma dor imensurável, resultado de um grave ferimento em seu tórax. Ele viveria mais um dia.
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