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S01E20 - Talesin e o Castelo Cruzado


Naquela mesma noite Salazar seguia silenciosamente pela trilha alta em direção ao Castelo Cruzado (lar da família Calabra) com seus companheiros, uma curta viagem que já fizera incontáveis vezes, em dias mais alegres, de menos preocupações. Conforme subiam em altitude abandonando a região de agricultores que circunda a cidade, a brisa oceânica bafejava cada vez mais fria, umedecendo a roupa e ferindo a pele desnuda.

Do alto a vista do mestiço se perdia na vastidão escura do Mar das Espadas, onde o porto e os pequenos navios nada mais eram do que pequenos pontinhos coloridos, como estrelas soltas no céu escuro.



Subitamente uma lufada fria de vento, tocou seu rosto; o obrigando a se proteger com ainda mais voracidade. Uma sensação de profunda tristeza, solidão e saudade o acometeu, e antes que pudesse compreender o que acontecia, uma lágrima furtiva cortou sua face. Na distancia incrédulo o jovem meio-elfo avistou uma luz pálida, que a primeiro instante acreditou ser o reflexo de algum metal, mas que conforme se movia parecia lhe seguir. Uma sombra branca se manifestou, em sua face turva, ele reconheceu de imediato traços inquietantes de seu falecido irmão Romero, vários anos mais novo, que com uma voz embebida em tristeza lhe direcionou a palavra brevemente e desapareceu como se nunca realmente estivesse ali.

Romero: Nossa família precisa de você Sal. Concertar os enganos. Ser quem se é. Restituição.



Dimble se sentia particularmente bem, cada vez lhe era mais nítida sua evolução espiritual, enquanto, os outros apresentavam medo diante ao confronto eminente, reclamavam da incursão pelos esgotos,  e se sentiam levemente frustrados pelo tempo que gastaram para atravessar o salão com o candelabro, ele se mantinha absolutamente em paz. O gnomo era a água que se adapta a cada recipiente.




O grande salão deslumbrava Soveliss. No alto um belo candelabro de cristal iluminava sutilmente o ambiente; sobre as imponentes paredes de pedra pendiam escudos elegantes com o brasão da família, todos alinhados harmonicamente, sobre o chão uma linda tapeçaria com a ilustração de Tiamat se fazia imponente. Uma fragrância doce embriagava o ar. 


Na extremidade uma mesa servia farta refeição a algumas figuras aristocratas. Alguns homens e uma mulher, vestidos impecavelmente. Em meio a esses homens, um alto-elfo de cabelos loiros se destacava, Talesin. Que ao notar a presença do bardo, ergueu sua taça de vinho, e com voz aveludada lhe convidou para se juntar a eles.

Talesin: Onde estão seus modos Cassandra? Sirva uma bebida para nossos convidados. 

Cassandra que tremia, e respirava ofegante, se aproximou dos aventureiros com a garrafa de vinho e os serviu, revelando a maquiagem borrada por lágrimas e um sútil hematoma na delicada face.

Ver sua irmã de tal forma, foi o suficiente para ferver o sangue de Salazar, que ainda invisível devido a magia de Soveliss, decidiu desferir um poderoso golpe contra Talesin.

Talesin: Que rude! Quem é você mestiço? Algum namoradinho ciumento da Cassandra?

Talesin se pós de pé graciosamente, encarou um a um, e então deu uma boa risada. Do outro lado do salão, Cassandra encorajada com o ataque, sacou uma estranha arma e a apontou para o elfo.



Cassandra: Talesin já basta! Não serei mais uma marionete na suas mãos! Sua presença desonra o legado da minha família! Monstro!



Talesin: Minha querida Cassandra, pense nas crianças! Como elas ficariam sem você? Você e tudo mais que eu quiser é meu para governar!


Tahrun que já se cansara da situação apertou violentamente o cabo de sua espada larga, e a apontou para o elfo magrelo, inclinou o corpo e se preparou para desferir uma investida, mas antes que pudesse disparar contra o inimigo, notou que algo estranho acontecia, os olhos de Talesin ardiam como labaredas, presas gigantescas, espinhos e chifres surgiram definindo uma silhueta terrível, um monstro vermelho envolto em um forte odor de enxofre intoxicante surgia ali. 

Grandes asas de couro se ergueram, a criatura majestosa rugiu e sua calda gigantesca serpenteou, avaliando os heróis que agora não passavam de refeição.




Jamna Gleamsilver que curiosamente os acompanhava, reconhecendo o terrível destino que se colocava diante de seus olhos, sorrateiramente fugiu o mais rápido que conseguira, abandonando os simpáticos e inocentes aventureiro diante a fornalha ardente que era Talesin. Sua astucia lhe permitira sobreviver há incontáveis perigos, ela lhe permitiria viver mais um dia.

As chamas lamberam a sala com enorme violência, onde em meio a cortinas escuras de fumaça, as presas e garras do dragão vermelho rasgavam a carne como lâminas afiadas, armas desenvolvidas para um único propósito: matar.


As flechas perfuravam com grande dificuldade as escamas resistentes de Talesinaraxes, e mesmo os golpes mais poderosos de Tahrun pareciam apenas arranhar o couraça do poderoso dragão.

Talesin: Quem? Quem são vocês que se colocam diante ao poderoso Talesinaraxes, o arauto das chamas. Quem são vocês mortais que ousam se colocar no caminho de Tiamat? ...Lamentável! Vocês realmente acham que seus ataques e magias patéticas são capazes de desafiar o inferno vivo que arde em mim? Queimem!



Ofegante Salazar que buscava fugir do fogo se desesperou ao ver o corpo de seus companheiros Dimble e Tahrun caídos próximo as labaredas. Sua cabeça latejava; mas o pior não era a sensação de morte eminente, era constatar que o seu erro havia custado a vida de seus amigos.

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