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S01E22 - O Paladino e o Dragão (PRÓLOGO)


Sons indistintos começam a tomar forma e ecoar na mente anuviada de Tahrun, vozes de um passado distante, que aos poucos lhe convidam a retomar a consciência e brandir a justiça de Tyr uma última vez.

Agarrado com firmeza pelas garras afiadas de Talesinaraxes, o Paladino se percebeu em grande altura, ensanguentado e com sérias fraturas, que possivelmente seriam seu fim. Se manter consciente e com os olhos abertos talvez fora até então sua maior batalha.

Flechas repousavam alojadas sobre o grosso couro vermelho de Talesinaraxes, que se esforçava nitidamente para ganhar altitude, voando de forma desajeitada, quase que planando. O Dragão era um borrão vermelho na noite estrelada.

Tahrun compreendendo sua situação orou com grande fervor. Todos seus caminhos e decisões lhe levaram para aquele momento único; seu destino estava claro.

Permaneço no pôr-do-sol, ó senhor das espadas,
Buscando sua sabedoria no último raio de luz
Despencando de entre as nuvens em piscinas escarlates
Como o sangue no chão.

Eu enfrento com honra tudo que pode me aquebrantar,
Podem me expulsar dos clãs e me afastar de meu povo,
Podem erguer muralhas gigantescas entre nós.
Posso me perder no tempo, mas ainda assim, a ti sou atraído de volta.
Minha determinação é como o ferro.

Senhor das Espadas, peço que você me dê o fogo da coragem
Que ilumine minha vida, minha honra, e minhas ações
Me sustente enquanto pressionado contra a forja ardente.

Deus de uma mão que faz o que deve ser feito,
mantenha minha coluna reta,
minha cabeça erguida, meus olhos para a frente neste caminho.

Salve, Deus de honra! Eu prometo a você
Que se você conceder este presente, vou usá-lo
Num caminho de justiça e sacrifício.

Me garanta essa última benção,
Para continuar enfrentando todo o medo,
Para fazer frente a toda necessidade,
Para andar inabalável através do fogo, sangue e aço.


Talesinaraxes percebendo a coragem nos olhos de seu inimigo moribundo, rugiu  ferozmente, e abriu suas garras, derrubando a última pedra branca de um castelo há muito tempo destruído, na esperança de se deliciar com o desespero de um rival tão formidável.

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