Entrar no portal foi como entrar em um banho morno, apesar do frio não desaparecer do ar. O gotejar da caverna, o som dos córregos e o coaxar dos sapos foram se tornando sons abafados até desaparecerem por completo.
Soveliss abriu seus olhos e se encontrou à deriva em um infindável mar prateado. Macias nuvens cinzentas se moviam lentamente à distância, enquanto que estranhos veios negros se retorciam violentamente através do céu, ancorado em extremos tão distantes que ele não podia percebe-los, as partes do meio giravam furiosamente como pedaços de cordas enrolados entre os dedos de uma criança.
Ele olhou para baixo, imaginando o que poderia sustenta-lo e não viu nada além do estranho céu perolado abaixo de seus pés e a sua volta. Puxou seu folego de repente, surpreso com a visão e sentiu seus pulmões se enchendo com algo mais puro e talvez um pouco mais sólido que ar, mas ao invés de se engasgar ou se afogar com essa coisa, ele se sentiu perfeitamente aclimatado a isso. Uma vibração elétrica correu através dos seus pulmões enquanto ficava hipnotizado com o simples ato de respirar.
Seus olhos se abriram em um lugar completamente diferente, onde pinheiros escuros surgiram por toda parte das encostas de um vale montanhoso; o ar agora era frio e fresco. A não mais que um tiro de arco, uma trilha guiava até um grande casarão.
Foi nessa mesma cabana de caça que Salazar se reencontrou com Talis, uma antiga paixão de infância. Uma meia-elfa esguia, de traços delicados, olhos azulados e beleza única. A mesma que hoje era conhecida como ex-portadora do branco, uma renomada e perigosa agente do Culto do Dragão.
A Talis que Salazar reencontrara porém, não era a mesma que conheceu um dia. A meia-elfa, apesar de extremamente educada trazia consigo uma ambição sinistra no olhar, suas palavras doces escondiam intenções sombrias.
Contrariada com Rezmir, e com as recentes decisões do culto, Talis revelou informações importantes, como nomes e até mesmo a existência de um antigo castelo voador de outrora, que agora a serviço do culto estava ancorado em uma vila próxima conhecida como Parnast.
[Fragmento do Livro]: "Talis acredita ser a legítima portadora da Máscara do Dragão Branco, e que foi profundamente injustiçada quando a custódia da máscara foi para seu odiado rival, o anão Varram, uma criatura tola a quem Talis considera insultantemente incompetente e sem valor. Ela está assistindo o tesouro do culto crescer, e ainda espera fazer seu movimento para tornar-se uma figura importante dentro da hierarquia do culto – certamente ela tem bastante apoio entre os cultistas."
Com acordo selado, a cultista gentilmente os apontou na direção do Castelo Ponta-Celeste, como a quem aponta uma flecha diante a face de um inimigo.
Essa flecha voou montanha a baixo, embarcando na missão mais arriscada de todas: colocar um fim na oradora Rezmir.
Comentários
Postar um comentário