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S01E30 [FINAL] - O Mergulho


_Pois bem, temos um acordo Tiefling - disse o gigante das nuvens para Soveliss com sua voz grave e profunda. Seus olhos azuis cintilantes como enormes safiras acompanhavam cuidadosamente o bardo que deslizava pela sala em direção a saída com o coração acelerado.

_Você demonstra admirável coragem pequenino, boa sorte com o Dragão.

Conforme atravessava o gigantesco pátio de gelo, sua memoria mergulhava nas lembranças dolorosas do último encontro com a besta branca, do qual quase não saíra vivo. Seria dessa vez tão diferente? Nenhuma batalha que havia enfrentado até então se colocava aos pés do desafio que estava por vir. Por mais que se esforçasse não existia um pensamento otimista, uma canção alegre, nem mesmo um poema que lhe consolasse, a vida lhe tornara duro, uma escuridão crescia em seu âmago.


Salazar observava os túneis espiralados de gelo maciço descendo escorregadios para o núcleo central onde o Dragão fizera seu lar, onde o ouro estava, onde a luta final seria traçada. Lembranças da infância lhe vinham a cabeça conforme se deparava com seu reflexo nos blocos translúcidos da geleira. Percebia nesse instante que as coisas eram exatamente o que deveriam ser, toda a dor que havia sofrido e todo o esforço que travara para ser alguém, nada mais eram do que um número positivo para essa situação, seus caminhos o edificaram para aquela vida e para aquele momento, seja qual fosse o desfecho, ele morreria ou viveria como um homem orgulhoso.

Dimble ao lado do companheiro meio-elfo pensou em vasculhar primeiro os outros túneis para ver se conseguia encontrar um caminho menos óbvio até o covil. Mas o fulgor, as distorções de luz e os incontáveis sincelos, que pendiam do teto como os dentes de um predador, deixavam-no tonto, e ele sabia que, caso se perdesse ou desperdiçasse muito tempo, tropas poderiam os surpreender, o tempo lhes era curto.

Enfrentar a Morte Gélida de frente, era o único palpite, a única estratégia.

O esplendor do Dragão seguia realçado por uma manta de gelo cristalino, Tahrun, agora sentindo o halito frio de seu covil examinou o dragão com profundo assombro, ele era ainda maior e mais magnifico que acreditara.

Os olhos azul-claros abriram-se num átimo e as chamas ardentes se fizeram imediatamente visíveis, mesmo sob o véu de gelo. Todos hesitaram diante daquele olhar penetrante.


Glazhael com uma explosão de energia até então inimaginável para o paladino, o dragão acionou os músculos torneados e fez grandes pedaços de gelo voar pelos ares. Todo o complexo de cavernas estremeceu violentamente, Tahrun e Dimble, sobre o piso escorregadio, foram atirados de costas ao chão. Eles rolaram para o lado no último segundo e esquivaram-se da ponta lanceolada de um sincelo desalojado pelo tremor.

O devoto de Tyr rapidamente colocou-se de pé, mas, ao se voltar, encontrou-se frente a frente com uma cabeça branca e ornada de chifres bem à altura de seus olhos. As grandes asas do dragão se desdobraram, livrando-se dos últimos restos de sua manta, e os olhos azuis cravaram-se em Tahrun.


O ar gelado acumulou-se em seus pulmões.

Salazar ouvindo o ar sendo sugado, num reflexo, atirou-se para um lado. Não conseguiu escapar totalmente da rajada que se seguiu, mas sobreviveu graças a sua agilidade. Caiu atrás de um bloco de
gelo, com as pernas realmente queimadas pelo frio e os pulmões a doer. Ele precisava de alguns instantes para se recuperar, mas viu a cabeça branca que se erguia lentamente para remover o obstáculo insignificante com a mudança de ângulo.

O Ladino não sobreviveria a uma segunda rajada e a julgar pelo estado do seu companheiro Tiefling, sabia que ele também não.

A flecha lancinante de Salazar atingiu o alvo mais uma vez fazendo o dragão inflamar em ódio.

O Paladino investiu contra o flanco do dragão aturdido e, com toda a sua grande força, deu com a nova espada nas escamas brancas. O dragão encolheu-se de agonia. As escamas agüentaram o golpe, mas o dragão nunca havia sentido tamanha força num rival e não estava inclinado a testar a resistência de seu couro com um segundo ataque.



O dragão rugiu de fúria. Ponta Trovão golpeou novamente, e uma terceira vez. Uma das escamas rachou e caiu, e a visão da carne exposta renovou as esperanças de vitória de Dimble.

Mas Glazhael sobrevivera a muitas batalhas, e sua derrota ainda estava longe. O dragão sabia o quão vulnerável se encontrava face a poderosa lança e manteve suficiente concentração para retaliar. A longa cauda fez a volta por sobre as costas escamosas e esmurrou Dimble no exato momento em que o monge iniciava mais um golpe.

A caverna girou, seus olhos lacrimejantes realçavam os reflexos estrelados de luz e a consciência lhe fugia. Mas ele viu Tahrun e Salazar, avançando audaciosamente em direção a besta. Viu o dragão em posição, pronto para soprar novamente.

Tahrun seguiu em frente. Não tinha qualquer estratégia contra um adversário tão formidável; ele esperava encontrar um ponto fraco antes que o dragão o matasse. Mas não havia nenhum.

Os pulmões se encheram de ar frio novamente, mas Dimble já havia dado sua última cartada, em um movimento desesperado subiu sobre o flanco do dragão e começou a esmurra-lo com toda sua força. Suas pancadas mais poderosas que um martelo, aliadas as flechas de Salazar, e espadadas de Tahrun por fim colocaram a besta ao chão.

A batalha épica fora vencida, mas nenhuma canção tocava. Tudo se resumia a lágrimas sofridas que escorriam pelas faces dos amigos agora reunidos sobre o corpo congelado de Soveliss.

Ainda impossibilitado de se recuperar do pesar, Dimble sentiu um forte estrondo e viu as incontáveis moedas douradas deslizando pela manta de gelo, a gravidade se alterou e ele percebeu que algo terrível estava por vir. O pequeno monge prendeu o ar e se preparou para o mergulho profundo.

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