A Sombra da Rainha

No santuário da rainha dos dragões  Langdedrosa encarava Tahrun com ferocidade, ele sabia que algo havia mudado e aquilo o preocupava. Aquele não era o mesmo Draconato que lhe enfrentara momentos antes. Não podia ser. O paladino agora a sua frente emanava uma aura de coragem digna de contos, sorria com a confiança dos tolos e parecia se sentir seguro como se um exercito se colocasse as suas costas. Como podia o inimigo, se erguer tantas vezes? Que fogo era esse que lhe alimentava? "Como ousa trair o legado de seu sangue paladino? Sua fraqueza me enoja!" Cada golpe de Tahrun era coreografado e harmônico. Sua espada traçava pinceladas, na grotesca tela que fazia do corpo de seu adversário, tons mais e mais profundos de um vermelho cor de morte. Tahrun aprendera a lição, e o pai de todas as batalhas se postava orgulhoso de seu filho. "Nada nem ninguém pode impedir o que está por vir. Quando a rainha retornar Toril mergulhará em uma noite de cinzas, e nada rest

Salazar parecia dançar graciosamente na escuridão, seus golpes dilaceravam com precisão o carcereiro, um bárbaro outrora feroz que nesse instante não passava de um humano assustado procurando seu machado. No chão da caverna escura as brasas recém derrubadas ardiam brilhando como uma pequena vila em meio a escuridão profunda, nela   Salazar  era rei. O incapturável. Acorrentado ao lado de Tahrun e Dim , estava Soveliss , o bardo , que olhava admirado, vibrando com cada momento de sua nova aventura. Ele sabia em seu intimo que nunca mais seria o mesmo e que aqueles estranhos sempre fariam parte de um momento importante de sua vida. Um sentimento de gratidão silencioso crescia furtivo em seu peito. ⁠⁠⁠⁠⁠ -“Ali, eu percebia como um alguém se tornava um herói” - Pensava em um acorde para cada golpe desferido precisamente naquele pobre humano. Já imaginava os dedilhados para a nova canção que prepararia para aquele meio-elfo. Suas vibrações me eram estranhas até aquele momento

As gotas de sangue no chão guiaram  Salazar  até a caverna sobrenaturalmente fria, a mesma onde ele momentos antes se deparou com a carcaça de animais pendurados em ganchos, com o forte cheiro de sangue velho e com a imensa cortina de farpas. Nesse salão escuro, iluminado apenas pela chama fraca de um grande braseiro e com temperatura próxima a zero graus, o guarda-costas de Langdedrosa que sobreviveu ao combate acorrentou os corpos dos aliados do meio-elfo e se postou de guarda, vibrando contente por sua nova promoção. Suas mãos tremulas e desajeitadas remexiam ruidosamente a mochila do aliado morto. A parte do tesouro que o meio-orc recebera agora lhe pertencia, um presente que interpretou como sinal de agradecimento por sua devoção a rainha dos dragões. Escondido na caverna Salazar que lidava com dilemas emocionais, após alguns minutos de questionamento sobre o porque de ainda estar ali, percebeu que não existiria uma melhor hora para salvar seus companheiros. Seus ouvidos

Sem saída o grupo em busca de maiores informações sobre os próximos ataques avançou pelo que se revelou ser uma gruta profunda, repleta de túneis tortuosos, kobolds, dragonetes e armadilhas. Um lugar cheio de sons tênues: água pingando, roedores roendo, lagartos rastejando, eco, e por fim uma corrente de vento que gemia constantemente camuflando os tinidos, batidas, tosses e conversas dos kobolds e cultistas. Soveliss que sonhara em ver o mundo e viver suas próprias aventuras, sentia um misto de pavor e adrenalina. Suas mãos frias vez ou outra erravam um acorde, tamanha a emoção que lhe acometia. Mesmo com recursos limitados e alguns ferimentos (possíveis novas cicatrizes que lhe renderiam boas histórias) o Tiefling mantinha uma atitude positiva, uma aura de deslumbramento e emoção. Seria ele um dos responsáveis por salvar uma cidade inteira de um destino terrível? Seriam aqueles novos amigos para com a sua jornada? O que Soveliss  e sua atitude positiva não sabiam é que kobol

Na noite escura do alto do plato o acampamento parecia um verdadeiro formigueiro, onde os cultistas e mercenários, que dessa distância não representavam mais do que um ponto, seguiam suas vida desordenadamente. As tochas bruxuleavam entre as barracas lembrando uma noite de verão estrelada. Não demorou até que o cheiro acentuado de fumaça, carne assando, urina e cerveja velha assaltassem as narinas de Salazar . Em meio a sons indistintos e pessoas estranhas ele fez naquela noite o mesmo que fizera em toda sua vida, assumira uma nova identidade, se tornando um ninguém na multidão. Não distante dali,  Tahrun acordara de um pesadelo para outro. Sua cabeça latejava febril conforme recobrava com grande dificuldade os sentidos. Com pulsos e pernas bem amarrados a uma grande mesa, o Draconato ferido se percebeu prisioneiro da Oradora Draconica. A luz fraca de duas tochas iluminavam parcialmente a barraca, fazendo as escamas negras e foscas de Rezmir  reluzir com tons avermelhados. Su

Nas colinas do Pico das Nuvens (The Cloud Peaks), há um mosteiro da ordem monástica: O Punho do Pequenino, composto em sua maioria por halfings orfãos da cidade de Nashkel. A cada dois anos é esperado que pelo menos um novo halfling apareça na porta desse mosteiro. Até que então algo diferente aconteceu, em uma manhã fria chegara um bebê gnomo num balaio, e com ele um papel escrito: Dimble. Os anos se passaram, e Dimble foi posto ao treinamento com os outros halflings. Aprendeu a ler, a escrever, a obedecer, a ter disciplina e a lutar. Aprendeu as crenças da Ordem da Manopla e dela se tornou um soldado. Os monges o chamavam de "Dim o Alto", ou apenas Dim. O gnomo quando pequeno se sentia só por não ser halfling, mas a solidão passou a não ser um problema para ele. Parte de ser monge era meditar, era transcender das emoções, era encontrar a energia em todos os lugares, era estar sempre bem consigo mesmo e com o universo. Dim não se preocupava em ter relações pessoai